Tong Ze Bu Tong, Bu Tong Ze Tong.
Onde há livre fluxo, não há dor. Onde há dor, não há livre fluxo.
A concepção de saúde para Medicina Chinesa está intimamente ligada ao livre fluxo de Qi e Xue pelo nosso corpo. Se possuímos uma boa circulação, temos uma boa saúde. Se não temos uma boa circulação, o corpo não tem condições de se recuperar rapidamente de doenças.
Quando agulhamos determinados pontos, estamos informando nosso corpo sobre qual parte precisa de mais atenção e reparo. A ação das agulhas quase nunca é local porque queremos reestabelecer o equilíbrio entre as partes, entre os órgãos e sistemas que nos compõe. Então, se por exemplo, estamos com uma dor lombar, é bem comum tratarmos ela agulhando nossas mãos, e às vezes também fortalecendo nosso Rim.
Existem desequilíbrios externos onde tratamos apenas olhando para os vasos envolvidos em determinado sintoma, como também existem os desequilíbrios internos, onde vamos reestabelecer a circulação para fortalecer e desestagnar os órgãos envolvidos, como por exemplo na enxaqueca, onde muitas vezes temos a relação do Fígado com o Baço comprometidas.
A circulação que parece não funcionar adequadamente em um local do corpo pode ser consequência de um desequilíbrio dos nossos órgãos internos, por isso, observamos o pulso e a língua de cada paciente, procurando maiores pistas sobre qual órgão é raiz dos sintomas que cada um nos relata.
Pode parecer estranho que, por meio de agulhas ultra finas, a saúde do nosso corpo é reestabelecida. É difícil de acreditar que pela observação do pulso da artéria radial em 3 diferentes posições (sim, em cada posição, uma a meio centímetro da outra, sentimos um pulsar diferente e específico) temos pistas sobre nossa condição interna.
Mas existe uma lógica própia, e ao enxergar o mundo, nunca só o corpo, por meio das lentes da Medicina Chinesa, tudo faz outro sentido, a percepção amplia, afina, é complexa, é simples, é cheia, é vazia, é absolutamente integrada.
Ao mesmo tempo que desfruto e mergulho na cosmologia chinesa, também é uma alegria ver a acupuntura sendo cada vez mais estudada no meio acadêmico e utilizada dentro dos grandes centros de medicina convencional.
Um exemplo disso, é uma pesquisa realizada na área emergencial de um centro hospitalar, 300 pacientes que sofriam de dores moderadas a aguda foram divididos em dois grupos, 150 pessoas receberam morfina intravenosa e 150 pessoas receberam acupuntura.
A diferença entre eles foi significativa. 92% do grupo agulhado melhorou 50% ou mais em comparação a 78% do grupo que recebeu a medicação. Dos 300 pacientes, 89 tiveram reações adversas, dos quais 85 pertenciam ao grupo que tomou a morfina, 4 deles pertenciam ao grupo que recebeu o tratamento de acupuntura.
O tempo para que a melhora da dor fosse percebida também variou entre os grupos, mas não vou contar toda a conclusão do experimento.
É difícil acreditar que acupuntura pode funcionar mais do que morfina, de fato. Mas ela é realmente uma técnica incrível.
De qualquer maneira, vou deixar os links de referência para dar mais credibilidade para o que escrevi. Dá pra ler por aqui: no PubMed, ou no American Journal of Emergency Medicine.
Apesar de alguns estudos, ainda não existe um número grande de pesquisas e evidências que façam a acupuntura ser um consenso entre os médicos e o público em geral. Ainda existe o loby farmacêutico, a falta de artigos científicos, a desintegração da vida em partes e muita descrença.
Enquanto isso, trabalhamos para divulgar a Medicina Chinesa e seguimos na luta da promoção da saúde celebrando e reconhecendo a vida potente existente dentro de cada um de nós.